Princesinha

A inocência, cindenada.
Os olhos meigos, avermelhados.
O sorriso largo, contorcido.

Irreconhecível a princesinha
se vai lentamente
como uma nuvem que muda de forma.

Ela se refaz
Se firma
Ganha forma.

Uma forma imutável
E rígida
Macabra.

Irreconhecível seus lábios
estão escuros
Sutis, como uma serpente.

Irreconhecível seu olhar
se afundam em meio a solidão
escondidos do dia.

Irreconhecível a princesinha
para onde fostes
quem a roubou?


Oh, que saudade
da princesinha delicada
exageradamente delicada.

Venha me alegrar de novo
com sua dança descordenada
e seu canto infantil.

Deixe-me contar-lhe histórias
ensinar-lhe sobre as estrelas do céu
dizer palavras sem sentido.

Permita-me ouvir seu riso
mesmo nas horas erradas
ele me fará feliz.

Dará paz ao meu coração
ver-te como antes era
ver-te alegre como antes era.


Perdoa-me velho amigo
mas a princesinha delicada
exageradamente delicada.

Se foi, para sempre
não há como recuperar
o vazio.

Pois agora estou lotada
de cousas que antes não sabia
que nem imaginava.

Perdoa-me, pois
nunca mais ei de dançar ou cantar
nem rir.

Porém nunca ei de me cansar
de sua presença
e de suas histórias.


Mas como irá suportar,
o velho amigo,
a compania de uma desconhecida?